O crescimento das criptomoedas transformou não apenas os mercados financeiros, mas também os tribunais, que passaram a lidar com disputas envolvendo contratos digitais, falências de empresas ligadas a criptoativos e investigações de crimes financeiros. A ascensão desses ativos trouxe oportunidades de inovação e novas formas de investimento, mas também abriu espaço para conflitos jurídicos ainda pouco explorados pela legislação brasileira. Esse movimento expôs a necessidade de novas interpretações jurídicas e de maior atenção de profissionais especializados, capazes de orientar investidores e empresas em cenários de incerteza.
Ao tratar do tema, é fundamental considerar a transversalidade das questões envolvidas, que abrangem direito penal, civil, empresarial e até consumerista, exigindo respostas coordenadas. Mais do que nunca, mostra-se necessária uma assessoria jurídica integrada preparada para lidar com a complexidade dos ativos digitais, com abordagem estratégica que envolva tanto a prevenção quanto a defesa em litígios, passando por investigações criminais, disputas contratuais e tributárias. Um núcleo multidisciplinar é essencial para quem busca segurança patrimonial diante do avanço dos criptoativos, reduzindo vulnerabilidades e transformando riscos em oportunidades de inovação responsável.

No Brasil, casos de grande repercussão revelaram o impacto dos riscos dos investimentos em cripto na vida de pessoas comuns, que enxergavam nas criptomoedas uma alternativa de rendimento e mudança de vida. Esquemas de pirâmides financeiras, muitas vezes travestidos de fundos de investimento em Bitcoin, lesaram milhares de famílias. Promessas de ganhos mensais acima de 10% atraíram vítimas que, em muitos casos, investiram economias de uma vida inteira. Com o colapso das operações, corretoras sumiram do mercado, deixando carteiras digitais bloqueadas e patrimônios inacessíveis.
Essa realidade mostra que compreender os riscos jurídicos relacionados aos criptoativos deixou de ser uma preocupação de nicho e passou a ser uma necessidade estratégica. Investidores, empresários e consumidores precisam adotar medidas de proteção patrimonial, planejamento tributário e estratégias de prevenção para não transformar inovação em frustração.
Criptomoedas: Riscos para empresas e empresários
As disputas envolvendo ativos digitais não estão limitadas a uma única área do Direito. Pelo contrário, os desafios jurídicos surgem em diferentes frentes que exigem atuação coordenada de especialistas. Hoje, além de desenvolvedores ou entusiastas de blockchain, empresas que buscam diversificar ativos, investidores de perfis variados e até consumidores estão envolvidos. A popularização acelerada das plataformas de negociação e a promessa de democratização financeira ampliaram o alcance do tema, mas também os riscos associados.

Golpes de pirâmide, esquemas Ponzi e operações fraudulentas estão cada vez mais sofisticados. Muitos empresários acabam sendo investigados sem sequer compreender as implicações criminais de sua participação em projetos que utilizaram criptomoedas. O risco de associação com crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas é elevado, o que torna essencial a adoção de programas de compliance digital para prevenir responsabilizações futuras.
Outro ponto de atenção é contratual. Operações de compra e venda de tokens, participações em ICOs (Initial Coin Offerings) e até disputas de posse de carteiras digitais vêm gerando litígios complexos na esfera cível e empresarial. Além disso, processos de recuperação judicial e falência de empresas de tecnologia que operam com criptoativos levantam discussões inéditas sobre como avaliar esses ativos. O direito do consumidor também aparece, especialmente em casos de corretoras que deixam de devolver valores a clientes.
A natureza global dos criptoativos representa outro desafio. Uma operação realizada no Brasil pode envolver corretoras estrangeiras sediadas em jurisdições com baixa regulação, dificultando a responsabilização e a execução de decisões judiciais. A ausência de normas claras e uniformes aumenta a insegurança, reforçando a importância de estratégias jurídicas que antecipem riscos contratuais e operacionais.

Por fim, a tributação é um dos aspectos mais negligenciados. A Receita Federal exige a declaração de criptoativos no Imposto de Renda e aplica multas severas em casos de omissão. Ganhos com negociação de Bitcoin ou altcoins são tributados de acordo com faixas específicas, e a ausência de escrituração contábil pode levar a questionamentos fiscais. Nesse cenário, a atuação de um advogado especialista em Direito Tributário com conhecimento do cenário de criptoativos, é fundamental para estruturar estratégias de compliance fiscal e evitar litígios com o Fisco.
Outro ponto que merece destaque são os NFTs (tokens não fungíveis), que se tornaram populares como forma de propriedade digital de obras de arte, colecionáveis e ativos virtuais em jogos. Apesar de sua ascensão, os NFTs levantam debates jurídicos complexos sobre direitos autorais, propriedade intelectual, fraudes em plataformas de negociação e a validade de contratos eletrônicos que atribuem titularidade digital. Já existem casos no Brasil e no exterior em que compradores alegaram violação de direitos ou comercialização de obras sem autorização dos autores, exigindo intervenção judicial. Além disso, o enquadramento tributário dos NFTs ainda gera dúvidas, especialmente sobre se devem ser tratados como ativos financeiros ou bens intangíveis para fins fiscais.
Núcleo jurídico para ativos digitais
O investidor ou empresário que enfrenta problemas com criptoativos não precisa buscar diferentes escritórios para cada questão. A complexidade do tema exige uma abordagem multidisciplinar em um único núcleo jurídico, capaz de atuar tanto na prevenção quanto na resolução de litígios.
Na esfera preventiva, o trabalho envolve compliance digital, auditorias, elaboração de contratos robustos, due diligence em operações com criptoativos e orientação regulatória para empresas que pretendem lançar novos produtos ou serviços relacionados a blockchain. Também inclui a criação de políticas internas de governança e proteção de dados para reduzir riscos em caso de incidentes.
Já no contencioso, a atuação se volta para ações contra corretoras que bloquearam valores, disputas tributárias com a Receita, defesas em investigações criminais, discussões empresariais envolvendo falência ou recuperação judicial e litígios decorrentes de descumprimento contratual em negociações com criptoativos. Além disso, abrange disputas internacionais em que ativos digitais circulam por diferentes jurisdições, exigindo estratégias de cooperação e execução de decisões em outros países.
A consolidação das criptomoedas como parte do cenário econômico brasileiro não elimina suas incertezas jurídicas. Pelo contrário, reforça a urgência de estratégias sólidas de prevenção, gestão de risco e litígio. Empresas, investidores e consumidores que lidam com ativos digitais devem buscar assessoria jurídica qualificada para transformar inovação em segurança. Reunir-se com um advogado especialista em Direito Tributário, com atuação estratégica conectada às áreas de direito digital, criminal e empresarial, oferece a estrutura necessária para discutir cada caso em profundidade.